Aprecio o pudor. Sem pudor, a luxúria - que ainda gosto mais fica sem jeito, sabendo sempre a pouco ou mesmo a nada. Mas se o pudor se transforma numa forma de higiene de composição da prédica, já começa a cheirar demais a cera. E os odores, no pudor e na luxúria, são uma parte constituinte da função.
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aqui, referindo-se os indiciados de um homicídio miserável e que eram internos das Oficinas de S. José no Porto, que se trata de um grupo de jovens, internados numa instituição particular de solidariedade. E, aqui, o pudor estará em não se dizer, ou não se querer dizer (a dúvida deve beneficiar sempre o autor), que essa instituição particular não é nada particular relativamente à Igreja Católica. As Oficinas de S. José (as do Porto, em Lisboa continuam a depender da mesma Igreja mas pelo ramo salesiano) dependem do Senhor Bispo do Porto e são dirigidas por senhores padres católicos.
Não é que o hediondo do crime implique qualquer associação directa entre os actos do bando criminoso e a honorabilidade da prédica da Igreja. Mas não isenta a Igreja, pelo contrário, que o bando tenha saído de uma instituição que depende dela, Igreja Católica, e por ela é tutelada e orientada. Como os casos Casa Pia, não isentam o Estado. Ambas, as duas falhas miseráveis, revelam perversões, admitindo que se tratem apenas de desleixos perversos, no acompanhamento de crianças a seus cargos. Na Casa Pia, com o Estado a permitir o abuso delas, nas Oficinas S. José, com um Bispo e vários padres a "educarem" abusadores. Num caso e noutro, antros de crimes.