
Os portugueses e as portuguesas, miúdos e miúdas, jovens, maduros e maduras, entradotes e entradotas, gastos e gastas, desaprenderam de terminar mensagem ou telefonema que não seja com um abraço ou um beijo (ou beijinho). Foram banidas as despedidas do género até à próxima, até à vista, até depois ou coisa que faça este género. Cada vez mais frios, secos, formais e distantes no trato pessoal, a pender para a indiferença (se não der para a risada) quando o vizinho, ao nosso lado, tropeça no degrau da escada, compensamos este arrefecimento da nossa condição mediterrânica com a sofreguidão beijoqueira e de abraços aos molhos, quando temos e gozamos a distância impessoal que nos dá um telemóvel ou um e-mail.
Imagine-se o que seria este país se todas as promessas e ameaças de beijos e abraços prometidos na comunicação à distância, se traduzissem em actos de proximidade. É isso: seríamos, por milagre, um povo de gentes só felizes. Insuportável, portanto. Vale-nos que são só ameaças virtuais e por aí nos ficamos.