
Fase embaraçosa, para mim, é quando revejo um velho amigo ou faço um novo e se chega, na despedida, à cerimónia inevitável de trocar os números dos telemóveis.
Normalmente, os meus amigos, os velhos e os novos, sabem todos o seu número de cor e salteado. Então, para retribuir, eu, bem me esforçando, nunca faço a mínima ideia que número é o que uso por me ter sido atribuído. Para me prevenir, já instalei o malvado número na lista da maquineta e correspondendo ao nome Eu. E assim me desenrasco, achando que não é deficiência grave esta tão minha. Mas como, por norma, me ficam a olhar com espanto mal recalcado, esfarrapo sempre a mesma e ranhosa justificação:
- Desculpem, tenho que procurar, é que não costumo telefonar para mim.Depois, fico de soslaio a olhar o velho ou novo amigo, remetendo, cá para o íntimo, esta dúvida filosofal:
- Será que o normal, sobretudo nas horas de solidão, é um tipo agarrar no telemóvel e telefonar para conversar consigo mesmo?.
Um dia destes ainda me vou tele-socializar. Se calhar, é o pouco que me falta para andar, por aí, catita e á maneira.