
Assisti ao debate, na Assembleia da República, integrado na interpelação ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, sobre a desgraçada posição oficial, oficiosa e teológica sobre a já cansativa historieta dos cartoons do Maomé. E vi, garanto que vi, o que nunca antes tinha visto nem imaginava que viria um dia a ver um ministro apodrecido a falar, desfazendo-se, tornando-se nada, abaixo da excitação desesperada. E eu, que guardava alguma consideração intelectual por Freitas do Amaral (quanto a consideração política pela personagem, essa nunca existiu), assisti ao que nunca imaginava num regime democrático ver um ministro podre a apodrecer em pleno hemiciclo da Assembleia da República.
Não sei quanto tempo mais este governo aguenta um ministro podre a apodrecer todo o governo. Por essa banda, estou preparado para tudo, depois de ver Fernando Gomes a fazer furos para encontrar petróleo, Vara a administrar a Caixa, Pina Moura entre a Iberdrola e o Parlamento, o abafanço da Eurominas, Manuel Alegre ser tratado como leproso por culpa dos muitos (demasiados?) votos que recebeu. Veremos como Sócrates gere a decadência do seu gabinete, enquanto degrada o PS e a prática política.
E vi mais coisas reveladoras e inquietantes nesta interpelação parlamentar Freitas e o governo apoiados pelos aplausos de cerimónia da bancada socialista e pela esquizofrenia do PCP a imaginar massas revolucionárias a caminho do comunismo nos frémitos incendiários dos fanáticos islâmicos, o PSD a claudicar cobardemente perante a obrigação de meter ordem na bagunça, sobretudo: o CDS a fazer as honras na defesa da liberdade de expressão frente aos fanáticos.
O mundo político português está doido? Ou eu devia ter sido internado num manicómio e ando aqui à solta?