Quarta-feira, 1 de Fevereiro de 2006
GO ON!
Bem lá tenho ido, a saber novas de alívio do
Nuno. Tudo como dantes, o silêncio continua. Fica-me a confiança que, tarda nada, as nuvens passaram e voltaremos a ter de novo a companhia deste blogue com escrita exigente, culta e exímia a abrir janelas ao mundo. Fica o abraço, outro.
Confesso que, no desarmar da tenda, estou a gostar, e a divertir-me, com a forma como Manuel Alegre está a faenar, com chicuelinas, o arrumar de casa do PS para evitar o luto purgado da estupidez política que foi o negócio furado com a procissão e levando Soares, como Buda da democracia, num andor.
Eles bem precisavam dele, Alegre e seus companheiros de jornada, como bodes expiatórios para não confessarem com todas as letras: fomos parvos, mas ganhámos, nós só queríamos Cavaco à primeira. Só que, em vez de um bode velho para sangrar em sacrifício ritual, saiu-lhes enguia sabida na rifa.
Alegre no seu melhor. Uma recusa rebelde de encaixar nos estereótipos consagrados. O que é uma continuação de apelo cívico. Pelo menos, ao fazer saltar, mostrando-se ridículos, os estalinismos serôdios escondidos nos aparelhos envelhecidos. Pode ser que se gastem a apanhar cacos, pode ser.
Às brancas deslavadas, sobretudo às loiras, muito loiras, principalmente às arianas ou como tal presumidas. Também às morenas, as quentes, doces, desafiantes e intermináveis morenas. Afinal, às eurocêntricas, de todos os feitios e vaidades apuradas. A todas, eu pergunto:
- Há olhos mais bonitos que estes? Uns olhos que fazem o centro do rosto, trazendo a alma para a palma das nossas mãos e iluminando-nos, obrigando-nos a ficarmos quietos e a tentar aguentar o olhar?
Não fosse a fome, a guerra, a rapina das matérias-primas e a miséria do esquecimento, e vocês, loiras e morenas, eurocêntricas sempre, não se aguentavam na concorrência.
Obrigado
Jorge. Mais uma vez (e desculpa o abuso).
Tenho uma
blogo-amiga que gostava de ser
gaivota. Invejando-lhe, à gaivota, esta faculdade:
Tantos locais que eu iria visitar !. Gostei da imagem e da vontade imaginada. Tanto que me lembrou, não sei porquê, uma tal Ermelinda Duarte que já não lembro o que fez ou faz na vida. Ah, já sei, cantava quando cantar era uso e, entretanto, se deixou de cantorias que o tempo, o mau tempo, já não recomendam.
Cara
Ana, não há bela sem senão. E que vida triste, com preço alto, não seria essa de consumir a vida a comer peixe, só peixe, para dar proteínas à força dos voos?
Proponho alternativa: o avião. Tem asas, leva-nos a (quase) todo o lado e não corremos o risco de, numa feia manhã, descobrirmos que as primeiras escamas estão a crescer-nos no corpo. Os aviões caem e caem muito? Pois caem. Mas as gaivotas também, não é?
[quem gosta de passear por um areal marinho numa manhã deserta de banhistas, sabe do que falo]Finalize-se: cada qual com seu gosto. E haja deus ou quem suas vezes fizer. Porque o mais importante, concordo, é mesmo voar.