Com a devida vénia, transcrevo:Claro que não deve haver tabus. Isso não, um bom tabu vale menos que um mau cartoon, dizendo assim e a aproveitar a oportunidade em que o Maomé não nos estará a ouvir, entretido que ele deve estar com os preparativos da tomada de posse pelo Hamas do governo da Palestina. E se não deve haver tabus para narrar o nosso erotismo guerreiro, também ele, tabu, não é chamado para quando cada qual deve dar a sua opinião, seja ela igual, diferente ou mais que sim ou que não. E eu uso pouco a abstenção e menos ainda o voto em branco.
Todas as nossas históricas eróticas são giras (o que fodemos, ó malta!, só se perderam as punhetas com a imaginação a vaguear na metrópole ou nas putas clarinhas de Bissau!) e devem ser contadas. Um gajo, para mais jovem, não fornica com uma G3, menos ainda com uma basuka e nem pensar com um obus 14, pois claro, para mais era proibido enrabar o comandante mesmo que ele merecesse e um gajo quando quente pede coisa quente, não vai enfiar o pirilau num sorvete de baunilha e morango que, para mais, no mato não havia, e chocolate quente, isso era um fartote.
Acho pois muito bem e que se dê o máximo de fogo à peça. Mas, se me permitem, tenho para mim que todo o nosso historial folclórico-erótico, se bem deitado cá para fora, devendo-o ser, também demonstra uma coisa - foi mas foi o tanas termos estado lá a defender Portugal do Minho a Timor. A nossa braguilha, ou a memória da nossa braguilha (e da braguilha de cada um, só o próprio e o padre a quem nos confessamos, sabem bem a missa), faz esse mito em cacos. Só não fodemos o que não se pôs a jeito. Ou a psico não permitia. E, sejamos francos, fodemos na Guiné como não fodíamos em Lisboa, no Porto, no Minho, em Trás-os-Montes ou no Alentejo. Olhávamos uma bajuda da Guiné com o mesmo sentido de rapina de posse sexual que para a filha da nossa vizinha metropolitana do rés-do-chão ou para a nossa própria namorada? Ora! E até julgo, honra nos seja feita, que fodemos bajudas e ex-bajudas, fodendo bem, mas com mais decência que o limite da indecência que nos era permitida como exército ocupante e ao serviço de um colonialismo serôdio.
É que o Eros não nos deve matar a lide com o Ethos. Acho que devemos isso, pelo menos, para com as actuais bajudas de uma Guiné livre e independente. Para mais, elas, as bajudas, muitas foram as comidas mas, ao cabo e ao resto, lixaram-nos bem, comeram-nos depois elas e por junto em Guileje e no resto, sendo certo que após tantas batalhas ganhas entre as mamas e as pernas delas, mais outras com fogacho de metralha, acabámos por perder a guerra (a outra, a maior, a colonial). Ou seja, tanta pila tesa tivemos e não tivemos pilas para os Strellas quando eles começaram a assobiar no céu da Guiné, transformando-o em área libertada.
Resumindo:
ganhámos na tusa pequena, perdemos na tusa maior.
(texto publicado aqui)