Sim, era o que faltava. Permitir que os deuses, ou profetas na sua vez, passassem a vida a arregaçar-nos as calças - ou descerem saias - da liberdade do espírito, depois quererem meter-nos no açude do conformismo, arrastar-nos em desgraça feita gente crédula e supersticiosa ajoelhando até Fátima ou rumando a Meca, decidindo que devemos dar esmolas em vez de resolvermos a afronta da miséria, deixarmos as mulheres na parte de trás dos templos ou fora do acesso ao sacerdócio e fodendo-as, para depois, braguilha já fechada, se achar que elas são impuras por lei genética do pecado da tentação.
Raios e coriscos para os fanáticos que não aguentam uma, ou mil, caricaturas dos seus profetas no céu ou na terra. Assim, só podem ser eles os frágeis, feitos de merda de poder. Pela bomba ou pelo Vaticano, por Mahomé ou pela Mitra a enfeitar uma sotaina. Merecem não uma nem mil caricaturas, porque vai faltar-lhes sempre o milhão de caricaturas esquecidas na névoa do tempo da história, em que a cultura e a liberdade ajoelharam perante os pagãos travestidos em émulos rascas de cristos e de mahomés.